Formação da Identidade Alemã – Período Pré-Fundamental…
Roma Ocidental → Francos
Século III d.C. – início da penetração contínua
- Os chamados “bárbaros” começaram a penetrar no Império Romano de forma contínua a partir do século III d.C.
- Povos como francos, alamanos, godos atravessam o Reno e o Danúbio com mais frequência.
- Muitos povos entram com autorização romana como federados (foederati).
- Recebem terras dentro do Império em troca de defesa militar.
- Vivem dentro do Império Romano desfrutando de uma legislação tolerante, que lhes permitia manter sua identidade própria, seus chefes, costumes e, em parte, suas leis, desde que reconhecessem a autoridade romana, mantivessem lealdade ao imperador e prestassem serviço militar ou político ao Estado.
Resumo: O Império Romano integrou os povos bárbaros por meio de uma legislação pragmática e tolerante, permitindo-lhes viver dentro de suas fronteiras com relativa autonomia cultural e jurídica, sem exigir a renúncia imediata de sua identidade.
395 d.C. – Divisão do Império Romano
- O imperador Teodósio I divide o Império Romano em duas partes: Oriente e Ocidente.
- Roma Ocidental continua com capital em Ravena (posteriormente).
406–410 d.C. – Invasões bárbaras
- Povos germânicos (vândalos, alanos, suevos e francos) cruzam o Reno e invadem a Gália.
- 410: Saque de Roma pelos visigodos de Alarico.
Por que aconteceram tais invasões mesmo com a tolerância romana?
Com o Édito de Caracala (Constitutio Antoniniana) todos os homens livres do Império tornaram-se cidadãos romanos. Roma permitia a entrada e assentamento de forma controlada, mas:
- Roma conseguiu integrar muitos povos de forma eficaz, como africanos, gregos, sírios e outros provinciais. Eles adotavam leis, costumes e língua romana. Contribuíam para administração, exército e comércio.
- Os germânicos, especialmente alguns grupos migratórios em massa (francos, vândalos, visigodos, ostrogodos, alanos), resistiram à assimilação completa: Eles imigravam, mas buscavam autonomia plena, não apenas assentamento e obediências às leis romana. Eles não queriam viver em terras romanas como romanos. Usavam apenas o legado romano (cidades, exército, administração) para consolidar poder próprio.
- Roma sistematicamente não conseguiu controlar os povos germânicos que entraram em seu território, resistiram à assimilação e fundaram reinos independentes, enquanto outros grupos externos se integraram sem problemas. Estratégia comum: usar legado romano (administração pública, conhecimentos rurais do tratamento do solo e de animais, formação de cidades e exércitos, etc) para governar sem se tornar completamente romanos.
- Fraqueza militar romana impedia resposta eficaz a grandes grupos como Francos, Visigodos, Vândalos, Ostrogodos, Suevos e Alanos.
Conclusão: historicamente, o colapso do Império Romano do Ocidente decorreu, em grande parte, da incapacidade de controlar politicamente a integração de povos germânicos, que resistiam à assimilação e buscavam autonomia dentro dos territórios imperiais. Em contraste, outros grupos externos, como africanos, gregos e provinciais orientais, integraram-se de maneira relativamente eficaz à sociedade romana, adotando suas leis, costumes e instituições.
451 d.C. – Batalha dos Campos Cataláunicos
- Os francos aliados dos romanos enfrentam Átila, o Huno, na Gália.
- Mostra a presença crescente dos francos no território romano.
476 d.C. – Fim do Império Romano do Ocidente – Situação
- O último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, é deposto pelo chefe bárbaro Odoacro.
- Marca simbolicamente o fim do poder romano na Europa Ocidental.
- Odoacro governa a Itália após depor Rômulo Augusto.
- Não cria um “Império”, mas um reino na Itália.
- Reconhece formalmente a autoridade do imperador romano do Oriente (em Constantinopla).
- Mantém instituições romanas e governa como rei bárbaro sobre território romano.
Odoacro era de origem germânica. Ele pertencia à tribo dos herúlos (ou Heruli), um povo germânico oriental. Alguns relatos também mencionam que tinha ligações com outros grupos germânicos, como os hérulos misturados com outros povos bárbaros. Odoacro tornou-se famoso por depor o último imperador romano do Ocidente, Rômulo Augusto, em 476 d.C., marcando o fim simbólico do Império Romano do Ocidente. Este evento é considerado o fim oficial do Império Romano do Ocidente, porque não havia mais um imperador reconhecido como legítimo. Simbolicamente, O chefe de tribo germânica encerra a linha imperial ocidental iniciada em 27 a.C. com Augusto.
Pode-se afirmar que povos germânicos entraram no Império Romano aceitando terras para viver e usufruindo da tolerância romana, mas buscaram preservar e expandir sua autonomia, leis e cultura dentro dos territórios imperiais, muitas vezes impondo sua autoridade sobre regiões estratégicas. O surgimento de tribos numerosas e comunidades germânicas fortes dentro do império, aliado à incapacidade romana de controlá-las plenamente, contribuiu decisivamente para o colapso do Império Romano do Ocidente.
481 d.C. – Clóvis torna-se rei dos francos salianos (ainda jovem):
- Após 481 d.C. – Ele inicia uma série de campanhas militares para expandir seu domínio.
- 486 d.C. – Vitória decisiva sobre Siágrio na Batalha de Soissons, derrotando o último enclave romano na Gália. Esse é o primeiro grande passo na conquista do antigo território romano.
- Décadas seguintes (final do séc. V e início do séc. VI): Clóvis derrota outros povos e reis rivais (francos, alamânicos, visigodos) e consolida o controle sobre grande parte da atual França e Bélgica.
492 – 493 d.C. – Casamento e Conversão ao Cristianismo
- Clóvis casa-se com Clotilde, princesa burgúndia cristã (católica), por volta de 492 ou 493 d.C.*
- Clotilde passa a influenciar Clóvis a aceitar o cristianismo. Clóvis ainda era pagão, Clotilde insistia no batismo das crianças.
- Clóvis permite o batismo dos filhos, mas resiste à conversão pessoal – entre 494 e 495 d.C.*
*) As fontes históricas da época (como Gregório de Tours) não registram uma data precisa, por isso os historiadores costumam indicar respectivamente 492-493 e 494-495 como o período mais provável.
496 d.C. – Conversão e batismo
- 496 d.C.: Converte-se ao cristianismo católico, e não ao arianismo (seguido por outros povos germânicos).
- Clóvis é batizado pelo bispo Remígio de Reims.
- Muitos guerreiros francos seguem seu exemplo e também se convertem.
Após a conversão e Batismo
- Clóvis obtém apoio decisivo da Igreja católica.
- Ganha legitimidade junto à população romano-gálica, majoritariamente cristã.
- Consolida seu poder político e expande o Reino Franco.
Século VI – Consolidação do Reino Franco
- Os francos se tornam a potência dominante na antiga Gália romana.
- Surgem as bases do que será o Reino Franco e posteriormente a França medieval.
Resumo
- Século V: Queda do Império Romano do Ocidente e início do poder franco.
- Odoacro e os francos governam regiões diferentes e não fazem parte do mesmo reino ou sistema político.
- Odoacro não controlava a Gália, e os francos não dependiam da Itália.
- São reinos germânicos que surgem sobre ruínas do Império Romano do Ocidente
- Governam populações majoritariamente romano-gálicas / romano-itálicas
- Mantêm instituições romanas (leis, impostos, administração)
- Usam o legado romano para legitimar o poder
- Odoacro representa a primeira fase do poder pós-romano
- Clóvis e os francos representam a fase seguinte, mais duradoura
- Século VI: Consolidação do Reino Franco sobre os territórios romanos da Gália.
Depois de Odoacro
493 d.C.
- Odoacro é derrotado e morto por Teodorico, o Ostrogodo.
- A Itália passa ao Reino Ostrogótico.
Francos (final do séc. V – séc. VI)
- Clóvis expande rapidamente o Reino Franco.
- Diferente de Odoacro:
- Converteu-se ao cristianismo católico
- Construiu uma aliança sólida com a Igreja
- Criou um reino mais estável e duradouro
Por isso, historicamente:
- O reino de Odoacro é visto como transitório.
- O reino franco é visto como fundacional da Europa medieval ocidental.
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